[ Amor colhido. Guarda-me. Ninho de linhas.]
Não são tuas, são estórias minhas, não conto nada a ninguém, sou marinheiro cego e as cartas seguem rotas que o meu corpo percorre na ponta dos teus dedos. Oferece-me uma ilha, pousa a tua mão no meu peito...
Copiaram as tuas mãos. Fizeram-nas ásperas. São castigos. São dores. Copiaram a imitação das tuas mãos quando a imitação é raiva e rancor e ainda desespero e ainda o que fechas para que a altivez não te consuma na cópia.
Despertam, depois acordas tu. Nesse meio tempo já elas percorreram milhas e destruíram muros, arrancaram a Lua lá do alto e puxaram a cortina da madrugada para cima.
Copiaram as tuas mãos. Fizeram-nas ásperas. São castigos. São dores. Copiaram a imitação das tuas mãos quando a imitação é raiva e rancor e ainda desespero e ainda o que fechas para que a altivez não te consuma na cópia.
Despertam, depois acordas tu. Nesse meio tempo já elas percorreram milhas e destruíram muros, arrancaram a Lua lá do alto e puxaram a cortina da madrugada para cima.
Tanta luz!
Cobre-me os olhos, as tuas mãos nos meus olhos cheiram bem, cheiram a amor...
(O AMOR TEM CHEIRO?)
O amor das tuas mãos sabe a mar, a descobertas e conquistas, a rasgos em marinheiros cegos.
Procura-me.
[Sinto por vezes um formigueiro, uma dormência, uma comichão, dedilho notas sem rumo, fecho os olhos e deixo-me ir, só ir, ritmos em camara lenta]
Sabes que os dedos respiram? Que as mãos vivem ao comando de barcos que domam tempestades? Fingem que se afogam...
Alma de linhas, alinha, alisa, alastra, acalma, afaga, a vaga.
Abre o teu mar, dá-me estórias nos destinos, cartas de marinheiros cegos.
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ecg
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