A tua boca é a (minha) porta.
Não será preciso bater, do próprio vento a mão invisível que empurra a porta e penetrada na luz o verbo mostrado, adornado, de outras tão nú que cega nas palavras farpadas a crueza do não. Não queres, não voltas, não dizes.
Por esse silêncio o silvo que ensurdece, o que devagar encosta a entrada a muros que se erguem na opacidade do não dizer.
Custa dizer adeus.
Ensinas gostos. Desgosto. Degustas.
Por mais que entre e saia essa porta será sempre a minha surpresa. Não a dos acenos e beijos selados ou a do egoísmo fino que te pede mais uma palavra, um som, um gemer baixo que me entoe na ida o telúrico dos momentos.
Até do fio da saliva te encontro na reticência do pedido que deixas pairado... mas não pedes.
A tua exigência faz-se de adivinhas, um segredo que abra a porta na combinação aperfeiçoada do dizer.
Diz...
Esperas. Eu espero ouvir-te e calo-me pela ofensa que possa macular o que te ouço.
Diz...
Tempo perfeito. Agora. E agora já não é...
Corro no medo de olhar a porta cerrar-se devagar e não voltar a abrir-me o quente do hálito que me aconchega na saudade do corpo.
(Custa dizer adeus)
Dize.
E dizes vem. E eu vou. Ainda num tempo ofegante em que o verbo abre a (tua) porta e eu sou parte dela, das tuas frases, das tuas ordens, o desejo de ser o (teu) desejo.
Digo amor.
ecg
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