Até 220vv o coração aguenta

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saber(dançar)



Disseste que dançar era amar. Não te entendi. Dançar são pés, são mãos, são passos que se unem. Amor é outra coisa... são as reticências profundas no peito, o achar-se leve no fundo do abismo, o navio desgovernado no céu, a torre desmoronada no marfim dos olhos... essas coisas todas que sabemos e não sabemos dizer.
E tu sorriste.
Dançar é amar.
Que não, não, insisti!
Posso dançar sem amar e amar sem dançar contigo.
Aquietaste-me as mãos cruzadas sobre os ombros, os pés unidos.
Depois dançaste. Não, já não eras mulher, eras pássaro, céu, o navio carregado de ouro, o marfim perdido da dureza cheirava a seda.
Sorri.
Cerrei os olhos.
Quis dizer e não fui capaz.











Tombei nos teus braços, os meus abertos a pedir viagem nos passos soltos que lançaste a meus pés. E afinal nada de novo me davas. Era só vida, só vida vivida, gestos repetidos de abraçar, beijar, dar e querer.
Amei-te logo ali, naquele instante em que o sopro do sorriso me contagiou.
Nada mais é preciso, já sei o que queres dizer.




(à memória de Pina Bausch)


ecg
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Arritmias

Onde tudo se pode ler do fim para o céu e do topo para a terra