Até 220vv o coração aguenta

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sopros

Nada digo. Recolho o teu hálito materializado nos ruídos das palavras. E o silêncio. O silêncio na parte cava das reticências em que tudo se adivinha mais belo por não se escutar, não se saber a certeza, a garantia do que ouço é um delirio do que quero que me (não digas).
Pele da tua boca, pele do verbo.




Sinto-me rosas falado por ti e até os espinhos têm o doce amargo que o sangue dos sopros egoístas fazem fluír na dor TODA a verdade.


ecg

túneis

Movimentos circulares despejam a quente palavras que perderam som.

E no entanto o eco.



[ECO][ECO][ECO]



Das pancadas compassadas descompassa-se o que veio do verbo. Há coração.



Coração ao final do túnel.







Ondulam-se águas de saliva no gotejar do desejo, apressam-se descargas em ávidas linguas presas e soltas num céu morno e incomum, portão franqueado (?) ao abismo que (te) mora.

Atiro-me, lanço-me ao teu pescoço numa descida vertiginosa___________prende-me entre a razão e o sentir[-te ECO]




É no acidentado ladrão que deslizo o dedo provador. Cova, covinha, enredo, floresta encantada.




São tubos, são túneis, são cilindros, são rolos onde evolam desejos. Posso pedir um desejo? A tua resposta a subir e a descer, vertigem em mim, sim, não, adivinho o fim deste desaguar de olhos salinos.



Pergunta: Queres-me? E o [ECO] túnel aperta-me o som da tua boca num compasso cadenciado do escravo vermelho




Recortas a escuridão e encurtas caminhos. São movimentos de extensão e conforto, paixão e recolha. Seguras corpo pelo corpo da cabeça que me perdes, pedes (?) e eu aviso-me no consolo de te saber guia onde cego.


Túneis da minha devoção, longos palmos que aproximo às minhas palavras, beijo de verbo.



ecg

estreitos

Beleza que deixas penetrar-te, eu escapado ao mundo infiltro-me. Passo por fechaduras moídas pelo tempo de te ver, observar, tu contigo.



Resto homem. Imaginado. Estreito vigilias na animalidade que me possui deste lado de cá.
Tu, (contigo) teces cruzares na medida da tua sabedoria.


És só tu contigo. Deixa-me entrar. Voyeur, voyeur de todos os teus sentidos, respiro-te.

Paixão. Três vezes paixão em ti no sangue que afloram os vincos tatuados das linhas em que me apertas. Ordeno mais, mais dor rente a mim apertada na convulsão mal aguentada de todo o cetim que me corrói entranhas.


Explosão...


Chamas-lhes delicadamente cetim. O dos sentires. Mas a permissão que me dás é para te sentir na passagem do tecido macio. Afinal, és só contigo. Eu sou a ponta, as pontas dessas marcas de fitas que te apertam no feminino glorioso. Eu sou só imaginar, adivinhar, fazer-de-conta, bicho-de-conta, fantasia.



Confundes-me!

Confundes-me!
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[Serei eu que me fundo, afundo...]







Fazes de propósito, queres apertar-me entre as fitas que te marcam.


Sinto-me carne, afago o cruzar lento com que me atas a ti, envolvo-me, peço-te.


Sinto o teu abraço. Entrelaças o teu gesto, estreitar de comoções.
(Sem ar)
És tu contigo. Instantes privados em que cerras a porta e te lavas no egoísmo do feminino, acariciando pensamentos apertados entre a pele. São devaneios. São delirios.


Cogitum

Estreito-te entre buracos de fechaduras ferrugentas, surges-me à boca lambida como um fio apertado na minha imaginação.

Amplidão, peço.


Voyeur, voyeur... Que sabes tu dos meus caminhos estreitos e sinuosos... Sou eu comigo e com os teus olhos pequenos.


Adivinha, és capaz de fechar os olhos e alargares sentidos.
[Experimenta-me]



ecg

linhas

[ Amor colhido. Guarda-me. Ninho de linhas.]

Não são tuas, são estórias minhas, não conto nada a ninguém, sou marinheiro cego e as cartas seguem rotas que o meu corpo percorre na ponta dos teus dedos. Oferece-me uma ilha, pousa a tua mão no meu peito...



Copiaram as tuas mãos. Fizeram-nas ásperas. São castigos. São dores. Copiaram a imitação das tuas mãos quando a imitação é raiva e rancor e ainda desespero e ainda o que fechas para que a altivez não te consuma na cópia.



Despertam, depois acordas tu. Nesse meio tempo já elas percorreram milhas e destruíram muros, arrancaram a Lua lá do alto e puxaram a cortina da madrugada para cima.
Tanta luz!
Cobre-me os olhos, as tuas mãos nos meus olhos cheiram bem, cheiram a amor...
(O AMOR TEM CHEIRO?)
O amor das tuas mãos sabe a mar, a descobertas e conquistas, a rasgos em marinheiros cegos.
Procura-me.

[Sinto por vezes um formigueiro, uma dormência, uma comichão, dedilho notas sem rumo, fecho os olhos e deixo-me ir, só ir, ritmos em camara lenta]




Sabes que os dedos respiram? Que as mãos vivem ao comando de barcos que domam tempestades? Fingem que se afogam...







Preguiça, espreguiça, estica, cresce, alonga, protege, palma, alma.



Alma de linhas, alinha, alisa, alastra, acalma, afaga, a vaga.



Abre o teu mar, dá-me estórias nos destinos, cartas de marinheiros cegos.
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ecg

acquas

As mulheres deitadas olham o céu do mar.
Filtram o sol que trespassa dedos, os olhos dos desejos secretos, os olhos dos olhos.
Mistura fina, solúvel, bebível, poção mágica que as vislumbra rocha, dura, granitica, chuva na terra.


ACQUA. ACQUA. ACQUA.

(O ECO)

De tanto deitadas derrete-se o tempo nas suas mãos. Vão levar seiva, levar alma, levar vísceras de beijos e de abraços, olhos alagados de luz e de sal e ainda de pimentas que polvilham na boca alheia, moldam-se ao verbo, ao ser,

Ad eternum,

Deitar mulher, beber água.


As mulheres deitadas vão escorrendo. São sémen de terra. Agua-se quem as empapa na pele.


Estão deitadas ao beijo.

À caricia poderosa dos olhos.

São mulheres deitadas, não são mulheres caídas, são mulheres vertidas, não são mulheres choradas.


ecg

descobertas

O meu gozo entre as palavras faladas que não são permitidas. Contemplas-me. A descoberta que te faço é consentimento que deixas no rosto próximo. Quero mais, habituas-me mal a palavras faladas não permitidas. Desaprendo de pedir. Delapido-te, beijo-te.


Ajuíza-me da vontade em te ter inteira pelo prisma que se lapida a tantas vezes que a palavra não me permites. Condenas-me, pois... Ainda de novo me hás-de surpreender, descobrir a minha descoberta, a minha pequenez de te achar una e indizível. E eu louco, demente, babando fúrias vou tirando pele e mais pele ao teu rosto que se ilumina.
Ainda agora infanta. Mariposas. O verbo aprendido nas palavras faladas que não são permitidas.


Não são permitidas palavras faladas.
Por cada segredo um sinal. Já te disse que te como a boca se o vento das palavras for hálito?
A tua glória é muitas, tanta face é pouco para a pele que desliza cetim, tomba, desnuda. E ainda outra, e mais quantas a dizerem-me que a seguir, a seguir, segues-me tu?
Não são permitidas palavras faladas... shhhhhhhhhhh

Não são permitidas palavras faladas, sonoridades a manchar o silvo do desbravamento. Golpeio-te mil vezes, outras mil me forneces prazeres no território húmido. Olhos que me sufocam, boca que me condena, fenda, funda, céus proibidos, alagas-me em segundos por cada palavra pestanejada.
Não são permitidas palavras faladas.

ecg

equilibrios


Alcalina, salina, neutralidade abandonada em margem extrema. A tua saliva aproveita-me as palavras egoístas, dissolvências do ar(tefacto) encaixado entre linhas, pesos, medidas. Permissão para que entres e procures.
Permissão para estenderes arames bambos, perigos a fio, fino, forte, fatal.


E
Q
U
I
L
I
B
R
O
:
ME
:



Dois pontos. : . Eu: Tu:. Medir equilibrios. Macho-Fêmea. O meu balanço é projecção dos teus membros, balança justa, aferição do meu ser.

Vai-me bem o malabarismo com que entonteces a desumana vontade de me alimentar. Equilibrio da boca e da nutrição, da fome e do gozo, da dor e do saciar.

ecg

alicerces

Construí-me desconstruíndo-te, sabendo não te sabendo. Descubro-me até ao tecto, ao forro, às vigas pendentes. Horizontais, alicerces horizontais com me cobres. Do olhar volto a ver. Mãos cheias e largas do teu corpo que me vem agarrado de matéria-prima para te voltar a subir. Nada sei, nada aprendi. Ensina-me os alicerces, as fundações.

Dizes que eu sei.
É mentira...
Subo-te de olhos fechados.
Mas não sei nada.

Tu e eu somos lei da relatividade. O espaço é incomum e as fórmulas reagem a cada momento da respiração sufocada.
Rareia-se.
Os alicerces são horizontais.
Transverso-me.
Entroncas-te.
Desperdiço pronomes pessoais em fôlegos narcísicos.



Acidento-me: pegas, curvas, covas, espias, cordas. Faço laços corrediços e embora continue a escalada já caí no desfiladeiro desconhecido. Ninguém me encontrará. Não quero ser salvo, sei-o.



Alicerces.
Compostos verticais.
Trepo a mãos largas e cheias o olhar fixo no topo. O topo é o fim, mas eu não sei.



ecg
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Arritmias

Onde tudo se pode ler do fim para o céu e do topo para a terra